segunda-feira, 26 de março de 2012

Interpretação de texto - História triste de tuim - 7º ano

Por: Rubem Braga

João-de-barro é um bicho bobo que ninguém pega, embora goste de ficar perto da gente, mas de dentro daquela casa de João-de-barro vinha uma espécie de choro, um chorinho fazendo tuim, tuim, tuim....
A casa estava num galho alto, mas um menino subiu até perto, depois com uma vara de bambu conseguiu tirar a casa sem quebrar e veio baixando até o outro menino apanhar. Dentro, naquele quartinho que fica bem escondido depois do corredor de entrada para o vento não incomodar, havia três filhotes, não de João-de-barro, mas de tuim.
Você conhece, não? De todos esses periquitinhos que tem no Brasil, tuim é capaz de ser menor. Tem bico redondo e rabo curto e é todo verde, mas o macho tem umas penas azuis para enfeitar. Três filhotes, um mais feio que o outro, ainda sem penas, os três chorando.
O menino levou-os para casa, inventou comidinhas para eles, um morreu, outro morreu, ficou um. Geralmente se cria em casa é casal de tuim, especialmente para se apreciar o namorinho deles.
Mas aquele tuim macho foi criado sozinho e, como se diz na roça, criado no dedo. Passava o dia solto, esvoaçando em volta da casa da fazenda, comendo sementinhas de imbaúba. Se aperecia uma visita fazia-se aquela demonstração: era o menino chegar na varanda e gritar para o arvoredo: tuim, tuim, tuim! Às vezes demorava, então a visita achava que aquilo era brincadeira do menino, de repente surgia a ave, vinha certinho pousar no dedo do garoto.
Mas o pai disse: "menino, você está criando muito amor a esse bicho, quero avisar: tuim é acostumado a viver em bando. Esse bichinho se acostuma assim, toda tarde vem procurar sua gaiola para dormir, mas no dia que passar pela fazenda um bando de tuins, adeus. Ou você prende o tuim ou ele vai embora com os outros, mesmo ele estando preso e ouvindo o bando passar, esta arriscado ele morrer de tristeza".
E o menino vivia de ouvido no ar com medo de ouvir bando de tuim.


Foi de manhã, ele estava cantando minhoca para pescar quando viu o bando chegar, não tinha engano: era tuim, tuim, tuim... Todos desceram ali mesmo em mangueiras, mamonas e num bambuzal, dividido em partes. E o seu? Já tinha sumido, estava no meio deles, logo depois todos sumiram para uma roça de arroz, o menino gritava com o dedinho esticado para o tuim voltar, mas nada dele vir.
Só parou de chorar quando o pai chegou a cavalo, soube da coisa e disse: " venha cá". E disse: " o senhor é um homem, estava avisado do que ia acontecer, portanto, não chore mais".
O menino parou de chorar, pois seu pai o havia consolado, mas como doía seu coração! De repente, olhe o tuim na varanda! Foi uma alegria na casa que foi uma beleza, até o pai confessou que ele também estivera muito infeliz com o sumiço do tuim.
Houve quase um conselho de família, quando acabaram as férias: deixar o tuim, levar o tuim para São Paulo? Voltaram para a cidade com o tuim, o menino toda hora dando comidinha a ele na viagem. O pai avisou: "aqui na cidade ele não pode andar solto, é um bicho da roça e se perde, o senhor está avisado".
Aquilo encheu de medo o coração do menino. Fechava as janelas para soltar o tuim dentro de casa, andava com ele no dedo, ele voava pela sala, a mãe e a irmã não aprovavam, o tuim sujava dentro de casa.


Soltar um pouquinho no quintal não devia ser perigo, desde que ficasse perto, se ele quisesse voar para longe era só chamar, que voltava, mas uma vez não voltou.
De casa em casa, o menino foi indagando pelo tuim: "que é tuim?" perguntavam pessoas ignorantes. "Tuim?" Que raiva! Pedia licença para olhar no quintal de cada casa, perdeu a hora de almoçar e ir para a escola, foi para outra rua, para outra.
Teve uma idéia, foi ao armazém de "seu" Perrota: "tem gaiola para vender?" Disseram que tinha. " Venderam alguma gaiola hoje?" Tinham vendido uma para uma casa ali perto.
Foi lá, chorando, disse ao dono da casa: "se não prenderam o meu tuim então por que o senhor comprou gaiola hoje?"
O homem acabou confessando que tinha aparecido um periquitinho verde sim, de rabo curto, não sabia que chamava tuim. Ofereceu comprar, o filho dele gostara tanto, ia ficar desapontado quando voltasse da escola e não achasse mais o bichinho. "Não senhor, o tuim é meu, foi criado por mim".
Voltou para casa com o tuim no dedo.


Pegou uma tesoura: era triste, era uma judiação, mas era preciso, cortou as asinhas, assim o bichinho poderia andar solto no quintal, e nunca mais fugiria.
Depois foi dentro de casa para fazer uma coisa que estava precisando fazer, e, quando voltou para dar comida a seu tuim, viu só algumas penas verdes e as manchas de sangue no cimento. Subiu num caixote para olhar por cima do muro, e ainda viu o vulto de um gato ruivo que sumia.


Acabou-se a triste história do tuim.

Obs. Para saber mais sobre o autor desta obra, acesse: http://www.e-biografias.net/rubem_braga/

Crônica: No restaurante


Por: Carlos Drummond de Andrade 

"- Quero lasanha.
Aquele anteprojeto de mulher - quatro anos, no máximo, desabrochando na ultraminissaia - entrou decidido no restaurante. Não precisava de menu, não precisava de mesa, não precisava de nada. Sabia perfeitamente o que queria. Queria lasanha.
O pai, que mal acabara de estacionar o carro em uma vaga de milagre, apareceu para dirigir a operação-jantar, que é, ou era, da competência dos senhores pais.
- Meu bem, venha cá.
- Quero lasanha.
- Escute aqui, querida. Primeiro, escolhe-se a mesa.
- Não, já escolhi. Lasanha.
Que parada - lia-se na cara do pai. Relutante, a garotinha condescendeu em sentar-se primeiro, e depois encomendar o prato:
- Vou querer lasanha.
- Filhinha, por que não pedimos camarão? Você gosta tanto de camarão.
- Gosto, mas quero lasanha.
- Eu sei, eu sei que você adora camarão. A gente pede uma fritada bem bacana de camarão. Tá?
- Quero lasanha, papai. Não quero camarão.
- Vamos fazer uma coisa. Depois do camarão a gente traça uma lasanha. Que tal?
- Você come camarão e eu como lasanha.
O garçom aproximou-se, e ela foi logo instruindo:
- Quero uma lasanha.
O pai corrigiu:
- Traga uma fritada de camarão pra dois. Caprichada.
A coisinha amuou. Então não podia querer? Queriam querer em nome dela? Por que é proibido comer lasanha? Essas interrogações também se liam no seu rosto, pois os lábios mantinham reserva. Quando o garçom voltou com os pratos e o serviço, ela atacou:
- Moço, tem lasanha?
- Perfeitamente, senhorita.
O pai, no contra-ataque:
- O senhor providenciou a fritada?
- Já, sim, doutor.
- De camarões bem grandes?
- Daqueles legais, doutor.
- Bem, então me vê um chinite, e pra ela... O que é que você quer, meu anjo?
- Uma lasanha.
- Traz um suco de laranja pra ela.
Com o chopinho e o suco de laranja, veio a famosa fritada de camarão, que, para surpresa do restaurante inteiro, interessado no desenrolar dos acontecimentos, não foi recusada pela senhorita. Ao contrário, papou-a, e bem. A silenciosa manducação atestava, ainda uma vez, no mundo, a vitória do mais forte.
- Estava uma coisa, heim? - comentou o pai, com um sorriso bem alimentado. - Sábado que vem, a gente repete... Combinado?
- Agora a lasanha, não é, papai?
- Eu estou satisfeito. Uns camarões tão geniais! Mas você vai comer mesmo?
- Eu e você, tá?
- Meu amor, eu...
- Tem de me acompanhar, ouviu? Pede a lasanha.
O pai baixou a cabeça, chamou o garçom, pediu. Aí, um casal, na mesa vizinha, bateu palmas. O resto da sala acompanhou. O pai não sabia onde se meter. A garotinha, impassível. Se, na conjuntura, o poder jovem cambaleia, vem aí, com força total, o poder ultra-jovem."

segunda-feira, 5 de março de 2012

Livro: Diário de um banana - apreciação

Reportagem publicada no jornal Correio Popular em 04/03/2012
 
O escritor norte-americano Jeff Kinney, autor da série Diário de Um Banana,
que já vendeu 960 mil cópias no Brasil; nova aventura, que foi lançada nos
Estados Unidos no ano passado, chega às livrarias nacionais no mês de abril


 




 















Fenômeno literário

LIVROS / Série Diário de um Banana é febre entre o público infanto-juvenil

As desventuras de Greg Hiffley, umgaroto comum, para não dizer até um pouco boboca,
que precisa lidar com fortões na escola e com a implicância do irmão mais velho em casa, entrou sem pedir licença na vida de muitos outros garotos espalhados pelo mundo. Com um enredo simples, rotineiro em inúmeras famílias e com muitas ilustrações, a série Diário de um Banana conquistou a garotada entre 8 e 12 anos e se consagrou como um sucesso editorial impossível de imaginar.

São 40 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo

O sexto volume da série, intitulado Cabin Fever (termo usado para expressar uma
reação claustrofóbica por pessoas isoladas), foi lançado nos Estados Unidos no final do ano passado com tiragem de 6 milhões de exemplares e vendeu 1 milhão logo na primeira
semana. No Brasil, o volume será lançado apenas em abril, mas a coleção Diário dejá vendeu 960 mil cópias, e os cinco volumes da série publicados até agora dominam, há tempos, a lista dos mais vendidos do PublishNews na categoria infanto- um Banana  juvenil.
“Em primeiro lugar, eu atribuo o sucesso, como editor e por ter sido esse o motivo que o livro me atraiu quando li pela primeira vez, é a questão da empatia com o personagem.
Ele não é um herói, na verdade é um anti-herói, mas que provoca muita empatia.
Ele não é inalcançável, ele erra, toma atitudes incorretas, mas é palpável, tem uma vida normal e não é distante do universo humano e principalmente do universo escolar. Uma criança da idade dele, que está no sexto ou sétimo ano, é um pouco Greg ou conhece alguém assim”, explicou Fabrício Valério, editor da V&R Editora, responsável pela publicação no Brasil.
A série foi criada pelo norte- americano Jeff Kinney e já vendeu mais de 40 milhões de exemplares em todo o mundo. Os resultados expressivos, entretanto, surpreenderam.
Nem mesmo o autor estava otimista com a obra, já que, sem conseguir emplacar a história nos Estados Unidos, Kinney publicou o primeiro volume integralmente na internet. A qualidade do livro começou a ser percebida com o alto número de acessos, suficiente para ele ganhar um contrato e ter a primeira edição publicada.
Ivete Postingel, gerente de editoriais da Fnac Campinas, associa a série para essa geração
como Harry Potter foi para a anterior. “É uma febre, coisa de amigos, compram um, querem o próximo, ficam aguardando os novos volumes.
Os livros um e dois continuam vendendo bem, então quer dizer que são novas crianças interessadas. Em volume de venda, claro que  Harry Potter é maior, até porque atinge um público maior, como adultos, mas nessa faixa etária, é a mesma coisa.”
E se o sucesso é grande, a recompensa também. As aventuras de Greg colocaram Jeff Kinney na lista dos dez autores mais bem pagos do mundo nos últimos dois anos, de acordo com a revista Forbes.
Paula Wulf, analista de produtos da Livraria Cultura de Campinas, explica que, desde que a loja abriu na cidade, em 2008, a série está entre as mais vendidas. “É uma opção das pessoas, não se trata apenas de indicação dos vendedores. Os pais chegam e pedem esses volumes. E são os livros que fazem sucesso, porque mesmo com o lançamento
dos filmes, as vendas não crescem muito, como normalmente acontece com outros
títulos. Até porque já são bem altas nesse caso.”


Cinema



A série de livros Diário de Um Banana ganhou dois longasmetragens e o terceiro já está
confirmado para este ano. O primeiro título não foi lançado nos cinemas brasileiros e o segundo em apenas poucas salas, mas ambos arrecadaram US$ 140 milhões nas bilheterias
ao redor do planeta. O primeiro filme faturou ainda US$ 54 milhões no mercado de  homevídeo.
Lembrando que, diante do orçamento médio de US$ 20 milhões para cada filme, até nas telonas a série também é muito lucrativa. Diário de um Banana — Dias de Cão será lançado em 3 de agosto de 2012 nos Estados Unidos.


  Anti-herói que sempre se enrola
 
 Pedro Henrique Secco Camargo, de 11 anos, leu o primeiro volume da  série Diário de um Banana no ano passado.Gostou tanto que pediu para a mãe comprar os dois capítulos seguintes de uma vez. “É legal porque ele (Greg Hiffley) sempre se enrola e arruma confusão. Cada dia que ele vai na escola, ou mesmo em casa, com o irmão dele, ele apronta e não sabe o que fazer.” Agora lendo o segundo livro, Pedro explica que as aventuras vividas por Greg são sempre bem diferentes umas das outras, o que torna o livro bem interessante. “Tem muita coisa legal, além disso, gostei porque os textos não são grandes e têm bastante ilustração.
O filme também me ajudou a entender mais a história e gostei bastante.” O estudante conheceu a série porque um colega da escola falou que leu e que tinha gostado. “Assim que minha mãe comprou não parei de ler e não é diferente agora com o segundo livro. Só ontem eu li 40 páginas.” (FT/AAN)










Saiba mais...

No Brasil, Diário de um Banana — Volume 1, foi lançado em 2008; Rodrick é o Cara, o volume 2, em 2009; A Gota d’Água, em 2010 e, no mesmo ano, dando a oportunidade do leitor montar sua própria história, a V&R Editoras também lançou o Diário de um Banana — Faça você mesmo. Em 2011, foi a vez do volume 4, Dias de Cão, e A Verdade Nua e Crua, o quinto capítulo. O sexto volume chega às lojas brasileiras em abril.
Os livros custam R$ 34,90, com exceção do Faça Você Mesmo, que sai por R$ 29,90.



Vendas no Brasil


Diário de um Banana — Volume 1: : 300 mil unidades  
Diário de um Banana — Volume 2: 200 mil unidades
Diário de um Banana — Volume 3: 150 mil unidades
Diário de um Banana — Volume 4: 120 mil unidades

Diário de um Banana — Volume 5: 95 mil unidades
Diário de um Banana — Faça Você Mesmo: 100 mil unidades
Fonte: V&R Editoras (dados até 24/2)
CORREIO POPULAR - Campinas, domingo, 4 de março de 2012

Obs. Reportagem modificada (imagens alteradas)






domingo, 4 de março de 2012

Exercícios - advérbios - 7º ano

Analise as tiras seguintes para responder as questões seguintes:

1. Identifique todos os advérbios das tiras a, b e c.
2. Tendo como referência esses advérbios, conceitue essa classe gramatical.
3. Teça um comentário (interprete) todas as tiras.

a)















b)

 



c)

Música: Análise sintática

Versão de "Na balada" (Gustavo Lima)

Eu já sei o que é frase
E também oração
Já tá tudo estudado
Já aprendi, meu irmão!

Colega, vem comigo
Entenda e faça a festa
Sujeito e predicado;
Já aprendi, vamos nessa!

Pode ser simples,
Composto e inexistente
Oculto,  também indeterminado.
Vou analisar
Que hoje vai rolar...                                                      
 Tche tche tchere...
Agora eu já sei fazer!!