quarta-feira, 17 de abril de 2013

elementos da narrativa: Texto em prosa


  
Descolados de bandeja

Para reforçar a mesada, jovens de classe média trabalham como garçons em restaurantes
moderninhos
Os mimados filhos da classe média brasileira nunca entregam jornais nem fritam
hambúrgueres como seus congêneres americanos. Num pequeno nicho, no entanto, esboça-se uma
mudança de altitude. A exemplo do que ocorre há décadas nos Estados Unidos e em certos países da
Europa, alguns restaurantes moderninhos estão contratando jovens de classe média como garçons.
O novo pelotão das bandejas é formado na maioria por estudantes universitários, que usam o tempo
livre para ganhar até 2.000 reais por mês, entre salário e gorjetas, trabalhando em geral seis hora por
dia – cerca de 500 reais a mais do que embolsa, em média, um garçom comum. Informais no trato
com os clientes, eles emprestam charme ao ambiente e muitos fazem performances musicais e
teatrais de sobremesa. Previsivelmente, tropeçam no serviço. Não raro esses rapazes e moças
descolados trocam os pedidos das mesas e esquecem que os pratos servidos devem ser
acompanhados de talheres – qualquer um.
Para aprimorar um pouco o amadorismo, parte dos estabelecimentos submete a moçada a
treinamentos intensivos.(Revista Veja, 3 de jul. 1996)

Identifique os elementos da narrativa: 
Fatos:
________________________________________________________________________________

Personagens:
________________________________________________________________________________

Narrador: ________________________________________________________________________
Tempo: _________________________________________________________________________
Espaço: _________________________________________________________________________

elementos da narrativa: texto em prosa




Texto  : Carnaval na praia
(Walcyr Carrasco(

Poucas amizades resistem a um Carnaval passado na praia. Foi o caso. Eram dois casais, tão
íntimos que um era padrinho do outro. O engenheiro e o publicitário jogavam bola desde crianças. A
mulher do primeiro, historiadora, falava todos os dias no telefone com a do segundo, ceramista.
Alugaram juntos uma casa numa ensolarada praia do litoral paulista. Foram ao supermercado,
encheram os carros de refrigerantes, macarrão e picanha. O publicitário tinha o mapa, e resolveram
sair juntos. No último instante, a surpresa.
- É minha prima psicóloga – explicou a ceramista. – Convidei, tudo bem?
A psicóloga sorriu, amigável. O engenheiro pensou: “E o supermercado? Ela devia dividir”.
Não teve coragem de tocar no assunto. Ninguém tocou. A estrada foi o martírio habitual dos
feriados. A custo, na noite fechada, encontraram a casa. A chave não funcionou. Enquanto o marido
entrava pelo vitrô da cozinha, a historiadora suspirou.
- Isto aqui é um paraíso.
- Tem borrachudo – constatou a psicóloga. – Trouxe repelente?
Nos olhos da historiadora, um cintilar de terror: claro que não. Nesse instante, o engenheiro
abriu a porta pelo lado de dentro. Entraram, animados. A primeira reação foi semelhante à dos
convidados do castelo do conde Drácula – uma perplexidade total com o odor de mofo. O
publicitário sorriu:
- É que o sujeito que me alugou é amigo de um amigo meu e só aluga para gente conhecida.
Senão deixa fechada.

Responda:
a) O que se passa nessa história? Relate os fatos.
b) Quem são os personagens dessa história?
c) O narrador está em que pessoa? E como se chama?
d) Em que lugar ou espaço acontecem os fatos?
e) Em que tempo (fator cronológico) acontecem estes fatos?

Elementos da narrativa: Prosa poética


  
Faça a seguir a leitura do poema de Camões.

Soneto

Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia ela,
Que a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vela;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos,

Dizendo: - Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!
(Luis Vaz de Camões - Ed. Moderna, 1980)

O Poema é narrativo, pois o autor está contando a história de um amor grandioso, através de seus
versos. Releia o texto e identifique os elementos dessa narrativa poética.

• Enredo;
• Personagem;
• Espaço;
• Tempo;
• Narrador.

Narração: elementos da narrativa



1. Leia o trecho que segue e responda às questões propostas:

O menino tinha dez anos. Quase meia hora andando. No começo pensou num bonde. Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem feito que trazia, afastou a idéia como se estivesse fazendo uma coisa errada. (Nos bondes, àquela hora da noite, poderiam roubá-lo, sem que percebesse; e depois ...? Que é que diria a Paraná?)
Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando as vitrinas, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias comuns. Ia firme e esforçando-se para não pensar em nada, nem olhar muito para nada.
- Olho vivo – como dizia Paraná.
Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das ruas. Ele ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava um guarda nas esquinas. O seu coraçãozinho se apertava.
Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma mulher. Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali, à noite. Pelo jardim, pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela lhe deu, ele seguiu. Ignorava a exatidão de seus cálculos, mas provavelmente faltava mais ou menos uma hora para chegar. Os bondes passavam.
(João Antônio)

a) Escreva o enredo ou a trama da narração lida.
b) Quais são as personagens?
c) Comente sobre a participação das personagens no enredo.
d) Em que lugar se passa a história? Qual é o tempo da narrativa?
e) O narrador conta a história em que pessoa? Justifique a sua resposta.

Produção textual: Crônica

Proposta:

Crônica lírica ou jornalística

1. Escolha algum acontecimento atual que lhe chame a atenção. Você pode procurá-lo em meios como jornais, revistas e noticiários. Outra boa forma de encontrar um tema é andar, abrir a janela, conversar com as pessoas, ou seja, entrar em contato com a infinidade de coisas que acontecem ao seu redor. Tudo pode ser assunto para uma crônica.



2. É importante que o tema escolhido desperte o seu interesse, cause em você alguma sensação interessante: entusiasmo, horror, desânimo, indignação, felicidade... Isso pode ajudá-lo a escrever uma crônica com maior facilidade .

Lembre-se das características analisadas anteriormente acerca a crônica.

Proposta redacional: artigo de opinião

Tema: Internet – Inclui ou exclui?

Considerada um dos grandes avanços da história da humanidade,  a internet está presente no cotidiano de milhares de pessoas. Pesquisas revelam que no mundo todo, mais de 550 milhões de pessoas possuem acesso à internet em casa. É fato que esta ferramenta encurtou distâncias e nos permitiu ter informações instantâneas de fatos ocorridos em qualquer lugar do planeta. As redes sociais permitem também que você compartilhe  sua vida com diversas pessoas. Porém, em contrapartida, as pessoas estão cada vez mais isoladas em seu próprio "mundinho virtual". Não saem de casa, não possuem vida social se não for na internet. De que forma a internet implica na vida das pessoas?
A proposta é que você responda o seguinte questionamento: "A internet gera malefícios ou benefícios às relações sociais?” 

Mobilize argumentos, levante fatos, dados, exemplos que comprovem seu ponto de vista e validem sua opinião.
 Desenvolva um texto em PROSA entre 20 e 30 linhas 


Proposta: Artigo de Opinião
Este gênero textual geralmente é veiculado em jornais e revistas e traz a opinião do autor sobre um dado assunto. Logo, discuta o que foi proposto pelo tema, desenvolva uma linha argumentativa plausível e exponha sua opinião. Lembre-se que para validar seu ponto de vista é necessário ir além do senso comum.

Dicas: artigo de opinião


O artigo de opinião, como o próprio nome já diz, é um texto em que o autor expõe seu posicionamento diante de algum tema atual e de interesse de muitos.

É um texto dissertativo que apresenta argumentos sobre o assunto abordado, portanto, o escritor além de expor seu ponto de vista, deve sustentá-lo através de informações coerentes e admissíveis.

Logo, as ideias defendidas no artigo de opinião são de total responsabilidade do autor, e, por este motivo, o mesmo deve ter cuidado com a veracidade dos elementos apresentados, além de assinar o texto no final.

Contudo, em vestibulares, a assinatura é desnecessária, uma vez que pode identificar a autoria e desclassificar o candidato.

É muito comum artigos de opinião em jornais e revistas. Portanto, se você quiser aprofundar mais seus conhecimentos a respeito desse tipo de produção textual, é só procurá-lo nestes tipos de canais informativos. A leitura é breve e simples, pois são textos pequenos e a linguagem não é intelectualizada, uma vez que a intenção é atingir todo tipo de leitor.

Uma característica muito peculiar deste tipo de gênero textual é a persuasão, que consiste na tentativa do emissor de convencer o destinatário, neste caso, o leitor, a adotar a opinião apresentada. Por este motivo, é comum presenciarmos descrições detalhadas, apelo emotivo, acusações, humor satírico, ironia e fontes de informações precisas.

Como dito anteriormente, a linguagem é objetiva e aparecem repletas de sinais de exclamação e interrogação, os quais incitam à posição de reflexão favorável ao enfoque do autor.

Outros aspectos persuasivos são as orações no imperativo (seja, compre, ajude, favoreça, exija, etc.) e a utilização de conjunções que agem como elementos articuladores (e, mas, contudo, porém, entretanto, uma vez que, de forma que, etc.) e dão maior clareza às ideias.

Geralmente, é escrito em primeira pessoa, já que trata-se de um texto com marcas pessoais e, portanto, com indícios claros de subjetividade, porém, pode surgir em terceira pessoa.

Artigo de opinião


Artigo de opinião: texto jornalístico que se caracteriza por expor claramente a opinião do seu autor.
Também chamado de matéria assinada ou coluna (quando substitui uma seção fixa do jornal).


As CARACTERÍSTICAS do artigo de opinião são:

  • Contém um título polêmico ou provocador.
  • Expõe uma idéia ou ponto de vista sobre determinado assunto.
  • Apresenta três partes: exposição, interpretação e opinião.
  • Utiliza verbos predominantemente no presente.
  • Utiliza linguagem objetiva (3ª pessoa) ou subjetiva (1ª pessoa).

PROCEDIMENTOS ARGUMENTATIVOS DE UM ARTIGO DE OPINIÃO:

  • Relações de causa e consequência.
  • Comparações entre épocas e lugares.
  • Retrocesso por meio da narração de um fato.
  • Antecipação de uma possível crítica do leitor, construindo antecipadamente os contra-argumentos.
  • Estabelecimento de interlocução com o leitor.
  • Produção de afirmações radicais, de efeito.


EXEMPLO  DE  ARTIGO DE OPINIÃO:


BALEIAS NÃO ME EMOCIONAM,  DE LYA LUFT.
           Hoje quero falar de gente e bichos. De notícias que freqüentemente aparecem sobre baleias encalhadas e pinguins perdidos em alguma praia. Não sei se me aborrece ou me inquieta ver tantas pessoas acorrendo, torcendo, chorando, porque uma baleia morre encalhada. Mas certamente não me emociona. Sei que não vão me achar muito simpática, mas eu não sou sempre simpática. Aliás, se não gosto de grosseria nem de vulgaridade, também desconfio dos eternos bonzinhos, dos politicamente corretos, dos sempre sorridentes ou gentis. Prefiro o olho no olho, a clareza e a sinceridade – desde que não machuque só pelo prazer de magoar ou por ressentimento. Não gosto de ver bicho sofrendo: sempre curti animais, fui criada com eles. Na casa onde nasci e cresci, tive até uma coruja, chamada, sabe Deus por quê, Sebastião. Era branca, enorme, com aqueles olhos que reviravam. Fugiu da gaiola especialmente construída para ela, quase do tamanho de um pequeno quarto, e por muitos dias eu a procurei no topo das árvores, doída de saudade. Na ilha improvável que havia no mínimo lago do jardim que se estendia atrás da casa, viveu a certa altura da minha infância um casal de veadinhos, dos quais um também fugiu. O outro morreu pouco depois. Segundo o jardineiro, morreu de saudade do fujão – minha primeira visão infantil de um amor romeu-e-julieta. Tive uma gata chamada Adelaide, nome da personagem sofredora de uma novela de rádio que fazia suspirar minha avó, e que meu irmão pequeno matou (a gata), nunca entendi como – uma das primeiras tragédias de que tive conhecimento. De modo que animais fazem parte de minha história, com muitas aventuras, divertimento e alguma tristeza. Mas voltemos às baleias encalhadas: pessoas torcem as mãos, chegam máquinas variadas para içar os bichos, aplicam-se lençóis molhados, abrem-se manchetes em jornais e as televisões mostram tudo em horário nobre. O público, presente ou em casa, acompanha como se fosse alguém da família e, quando o fim chega, é lamentado quase com pêsames e oração. Confesso que não consigo me comover da mesma forma: pouca sensibilidade, uma alma de gelos nórdicos, quem sabe? Mesmo os que não me apreciam, não creiam nisso. Não é que eu ache que sofrimento de animal não valha a pena, a solidariedade, o dinheiro. Mas eu preferia que tudo isso fosse gasto com eles depois de não haver mais crianças enfiando a cara no vidro de meu carro para pedir trocados, adultos famintos dormindo em bancos de praça, famílias morando embaixo de pontes ou adolescentes morrendo drogados nas calçadas. Tenho certeza de que um mendigo morto na beira da praia causaria menos comoção do que uma baleia. Nenhum Greenpeace defensor de seres humanos se moveria. Nenhuma manchete seria estampada. Uma ambulância talvez levasse horas para chegar, o corpo coberto por um jornal, quem sabe uma vela acesa. Curiosidade, rostos virados, um sentimentozinho de culpa, possivelmente irritação: cadê as autoridades, ninguém toma providência? Diante de um morto humano, ou de um candidato a morto na calçada, a gente se protege com uma armadura. De modo que (perdão) vejo sem entusiasmo as campanhas em favor dos animais – pelo menos enquanto se deletarem tão facilmente homens e mulheres.
(Revista Veja, abril de 2005.)



Crônica lírica: A última crônica

A última crônica
(Fernando Sabino)


A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria do estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nessa busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer um flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num incidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: “assim eu quereria o meu último poema”. Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica. Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acentuar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres equívocos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome. Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve concentrado, o pedido do homem de depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho – um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha contida na sua expectativa olha a garrafa de coca-cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começar a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa a um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais observa alem de mim. São três velinhas brancas minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a coca-cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente Põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: “Parabéns pra você, parabéns pra você...” Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura – ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. De súbito, dá comigo a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido – vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso. Assim eu quereria a minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.

Crônica humorística: O carneirinho e suas mulheres


CARNEIRINHO E SUAS MULHERES
(MÁRIO PRATA )
O Carneirinho era loirinho, cabelo encaracolado. Daí, o apelido. Quando éramos jovens, ele era o mais bonito, o mais simpático, o mais bem vestido. Namorava todas as meninas da cidade. Todas as meninas adoravam o Carneirinho. Mas ele nunca se casou. 
Depois, formou-se em medicina, veio para São Paulo, montou uma clínica maravilhosa. E continou a conquistar todas as mulheres de São Paulo. E do mundo.
Via pouco, o velho amigo. Mas cada vez ele estava com uma mulher diferente. Maravilhosas. Aviões, como ele gostava de dizer. Mas nunca se casou, embora eu tenha ficado sabendo de dois ou três esparsos noivados nos últimos trinta anos.
Na semana passada, encontrei-me com ele na Mercearia São Pedro. Continua um tipo bonito, mas cachinhos loiros já não há mais. O pouco que lhe restou já está branco. Mas continua o mesmo: bonito, elegante, rico e, como sempre, muito bem acompanhado.
Começamos a beber e o Carneirinho, que sempre foi fraco com o álcool, desandou a me explicar porque não ficava muito tempo com a mesma mulher, por melhores que fossem.
- Acho que eu fico procurando a mulher perfeita. Sei que não tem, mas insisto. Em cada uma, depois de um tempo, eu começo a encontrar defeitos. Defeitos físicos, pequenos, mas que, com o passar do tempo, aquilo vai crescendo na minha cabeça. Por exemplo, lembra da Lurdica? Tinha joanete. Aquele joanete foi crescendo na minha cabeça. Um dia cheguei à conclusão que não podia conviver mais com um joanete.
- E a Celinha?
- Falava menas. Eis a questã.
- A Glória?
- Como é que eu podia continuar beijando aquele avião, com aquele canino superior direito? Saltado. Ninguém observava, mas eu sabia. A Bia tinha muito pêlo no braço, lembra? Parecia o bigode da Cidoca. Lembra da Paulinha? Tinha um dos bicos do seio para dentro. A Loló você devia saber do mau hálito dela. Vinha lá do estômgao, do útero, sei lá.
- E a Candinha?
- Roía unha. Até do pé. A Selminha tinha a testa muito avançada, lembrava a minha mãe. Lembra da Rose? Quando ria, dava murrinhos na mesa: não podia conviver com aquilo. A Claudete, a gente chegou até a ficar noivo, mas um dia, num almoço de família, toda a minha família e a dela, eu pedi o pão, ela passou, eu pequei o pão e ficou aquele indefectível farelo na mão dela. Aquele farelo foi definitivo, você há de concordar comigo..
- E a Joana? Você ficou noivo da Joana também.
- A Joaninha era legal, mas tinha orelhas enormes. Nunca reparou? Eu tinha a impressão que cada dia estavam maiores. A Maria C. não tinha orgasmo. Fiz de tudo. A Aninha, quando tinha orgasmo, virava os olhos para cima: parecia que estava tendo um ataque epilético.
- E a Carmen Lúcia? Aquela não tinha nenhum defeito.
- Como não? Não sabia quem era a Sarita Montiel e muito menos o Hemingway. E velho e o mar, ela achava que era o avô dela. A Carlota também, nunca tinha lido um livro. Aliás, tinha lido o Caminho Suave.
- Mas todo mundo achava que você ia se casar com a Ledinha.
- Era linda, mas o cabelo meio pixaim. Meus pais não iriam gostar. A Léia, por exemplo, tinha dois dedos do pé meio grudados. Morria de vergonha dela, na praia. A Gegê tinha o lábio inferior meio viradinho, lembra? Boca pequena. E por falar em boca, a Lucinha beijava de boca fechada, pode? Ao contrário da Dequinha que me mordia a lingua toda vez.
- E aquela fazendeira de Ribeirão Preto?
- Marina? Peito caído. Já a Ciça tinha o joelho caído. Já viu mulher de joelho caído? A Marcinha era perfeita, mas a mãe dela rezava terço todo dia. E ela morava com a mãe. Parecia a casa do Nelson Rodrigues.
- E aquela francesa que eu te vi uma vez na...
- Michele. Você não viu os pés dela, né? Então não fala nada. Fora isso, tinha aquele narizinho rebitado, lembra?, de onde saiam chumaços de pelos. E não era muito chegada a uma Sabesp. Toda mulher tem seu defeito, meu amigo. Mais dias, menos dias, você tem que enfrentar o inimigo. A Letícia não falava inglês. Levei ela para a Europa e passei vergonha.
- Então você nunca vai achar uma mulher perfeita, Carneirinho.
- Um dia eu acho, um dia eu acho.
Ia me esquecendo de dizer que neste encontro com ele na Mercearia, ele estava com um garoto, com pouco mais de vinte anos, loiro, cabelos encaracolados, elegante, educado e tatuado, que ele me apresentou como "primo".
Sei não, Carneirinho, sei não.


Crônica: características e tipos

A crônica é um gênero que tem relação com a ideia de tempo e consiste no registro de fatos do cotidiano em linguagem literária, conotativa.
A origem da palavra crônica é grega, vem de chronos (tempo), é por isso que uma das características desse tipo de texto é o caráter contemporâneo.

A crônica pode receber diferentes classificações:

- a lírica, em que o autor relata com nostalgia e sentimentalismo;
- a humorística, em que o autor faz graça com o cotidiano;
- a crônica-ensaio, em que o cronista, ironicamente, tece uma crítica ao que acontece nas relações sociais e de poder;
- a filosófica, reflexão a partir de um fato ou evento;
- e jornalística, que apresenta aspectos particulares de notícias ou fatos, pode ser policial, esportiva, política etc



    Esse tipo de texto tem como estilo uma narrativa breve, sem aprofundamento da análise, com abordagem reflexiva, subjetiva e comunicativa, que conta ou comenta histórias da vida cotidiana.
            Histórias que podem ter acontecido com você, com algum colega seu ou até mesmo com alguém da sua família. Mas uma coisa é acontecer e outra é escrever sobre esse fato.
            Na leitura de algumas crônicas, você pode notar como esse tipo de narração ganha um interesse especial.
            Seus personagens são definidos apenas quanto ao momento da ação, falando-se muito pouco sobre eles.
            O desenvolvimento da crônica está intimamente ligado ao espaço aberto, principalmente na imprensa. Pode apresentar-se ora humoristicamente, ora dramaticamente, mas quase sempre com sátiras, porque revela a intimidade de personalidades famosas do mundo, sobre quem o leitor sempre quer saber mais alguma coisa, de preferência íntima, particular, secreta.
            Atualmente é comum alguns jornais e revistas publicarem textos de cronistas bem conceituados, como Luís Fernando Veríssimo, Mário Prata, Rubem Alves  entre outros.

Geralmente a linguagem é informal, por aproximar-se do cotidiano das pessoas, da simplicidade em questão.



terça-feira, 9 de abril de 2013

Texto informativo: Dia Mundial de Luta contra a Aids


Dia Mundial de Luta Contra a Aids

O que é o Dia Mundial de Luta Contra a Aids?

Transformar o 1º de dezembro em Dia Mundial de Luta Contra a Aids foi uma decisão da Assembléia Mundial de Saúde, em outubro de 1987, com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU). A data serve para reforçar a solidariedade, a tolerância, a compaixão e a compreensão com as pessoas infectadas pelo HIV/aids. A escolha seguiu critérios próprios das Nações Unidas. No Brasil, a data passou a ser adotada, a partir de 1988, por uma portaria assinada pelo Ministro da Saúde.

Por que o laço vermelho como símbolo?

O laço vermelho é visto como símbolo de solidariedade e de comprometimento na luta contra a aids. Seu projeto foi criado em 1991 pela Visual Aids, grupo de profissionais de arte, de Nova York, que queria homenagear amigos e colegas mortos em decorrência da aids.

O Visual Aids tem como objetivos conscientizar as pessoas para a transmissão do vírus, divulgar as necessidades dos que vivem com o HIV/aids e angariar fundos para promover prestação de serviços e pesquisas.

O adereço foi escolhido pela sua associação ao sangue e à idéia de paixão e foi inspirado no laço amarelo que honrava os soldados americanos da Guerra do Golfo. O símbolo foi usado publicamente, pela primeira vez, pelo ator Jeremy Irons, na cerimônia de entrega do prêmio Tony Awards, em 1991.

O laço se tornou símbolo popular entre as celebridades nas cerimônias de entrega de prêmios e virou moda. A possibilidade de se tornar apenas um instrumento de marketing preocupou ativistas que temiam que a popularidade levasse a perda de força, do seu significado. Mas, ao contrário disso, a imagem do laço continua sendo um forte símbolo na luta contra a aids, reforçando a necessidade de ações, pesquisas e, principalmente, de solidariedade aos que convivem com o HIV/aids.

Fonte:
http://www.aids.gov.br/main.asp?Team=%7B576AD86E-6687-4F63-8295-8AB268EC58B2%7D

Texto jornalístico: notícia


Governo suspende kit educativo sobre aids
16 de março de 2013 | Notícia
Jornal: O Estadão


AE - Agência Estado
Um material educativo para prevenção de aids dirigido a adolescentes teve sua distribuição suspensa por determinação do governo federal. O kit, formado por seis revistas de histórias em quadrinhos, aborda temas como gravidez na adolescência, uso de camisinha e homossexualidade. A suspensão ocorre quase dois anos depois da polêmica interrupção da distribuição do kit anti-homofobia, por pressão de grupos religiosos. As revistas em quadrinhos foram produzidas em 2010, numa parceria entre os Ministérios da Saúde, da Educação e organismos internacionais. O material seria usado como apoio do programa Saúde e Prevenção nas Escolas. Em seu primeiro fascículo, procura abordar o preconceito enfrentado por jovens gays.

Embora tenha sido lançado com entusiasmo pelo então ministro da Saúde, José Gomes Temporão, sua distribuição foi abortada pela proximidade com as eleições presidenciais. A ordem era evitar qualquer tipo de conflito ou descontentamento com grupos religiosos. Neste ano, o material foi resgatado. Cerca de 15 mil exemplares foram distribuídos para os serviços de DST/Aids de 12 Estados.

A operação foi interrompida no fim de fevereiro, por determinação do Planalto, segundo informações obtidas pela reportagem. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no entanto, chama a responsabilidade para ele. "Eu vetei o material", disse. Segundo ele, a distribuição foi feita sem a sua autorização e sem o seu conhecimento. Ontem, ele enviou um ofício para as secretarias, desautorizando a circulação das revistinhas. O ministro afirma que a distribuição foi feita a partir do Departamento de DST-Aids. Ele admitiu não saber se o material teve uma nova impressão ou se os kits agora enviados teriam sido produzidos em 2010.

Padilha afirmou que a suspensão da distribuição ocorreu apenas esta semana, depois de sua assessoria ter sido procurada pela reportagem do Estado. O Planalto foi procurado, mas não se manifestou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Acesso em 09 de abril de 2013

Acerca do texto lido:
1.     Explique por que este texto é altamente jornalístico.
2.     Estabeleça a diferença entre notícia e reportagem.
3.    Identifique no texto lido os possíveis elementos que compõem o “lead”.
4.     Explique por que o kit citado na notícia em questão foi suspenso. Para confirmar sua resposta, transcreva uma passagem do texto.
5.     Quais são os temas abordados neste kit?
6.     Localize e transcreva do 2º parágrafo uma palavra responsável pelo mecanismo de coesão, onde a mesma dê ideia de adversidade, de concessão.
7.     Qual foi o principal motivo que levou à suspensão deste kit educativo sobre Aids?
8.     O texto jornalístico tem como uma das características básicas, a impessoalidade. Transcreva um exemplo em que se manifestam marcas pessoais e, justifique sua ocorrência.